5.9.11

Das tantas coisas que não sei

Anda, me dá um cigarro. Eu preciso desabafar. Não me olha desse jeito, eu sei que falo demais, mas hoje é necessário. Eu queria, só por um dia, ser capaz de fingir. De sorrir quando quero chorar; de franzir o cenho e ostentar preocupação quando na verdade nada me abala. Como assim, eu finjo bem? O único fingimento que aprendi diz respeito a fazer de conta que sou uma estátua. Eu queria saber disfarçar, também. Por exemplo, pra olhar nos olhos sem denunciar o que vai no coração, ou desviá-los quando nada têm que fazer em determinada direção. Não faz graça. Olha que eu fujo, hein? Fica quieto e deixa eu continuar. Sabe o que mais eu queria? Saber quando ser ou quando não ser eu mesma. Quando me permitir e quando me resguardar. Eu sei, querido. Eu perco a linha fácil, não precisa jogar na minha cara. Eu precisava era, ainda que por poucas horas, ter tanto bom senso quanto se espera de mim. Ou quanto seria necessário pra me manter viva. Eu queria aprender a hora certa de calar minha boca. Como, por exemplo, agora.

Um comentário:

Anônimo disse...

Por que escreve assim? Por que não é assim como se escreve?