15.5.10

Pós-Cognição

Deitei na cama ansiando pelo abraço do mais promíscuo de meus amantes noturnos, mas ele relutava em me envolver. Disse-me que havia muito que conversarmos, e que a conversa seria difícil. Insisti, implorei, me revirei na cama amarrotando os lençóis, e, depois de muita luta, ele me aceitou, e, mais que me dizer, me mostrou. Eis aí o que vi.

O amor é um negócio complicado. A gente quer estar junto, se desespera, sofre, e no final... tudo é vazio, tudo é solidão. Almoçamos juntas porque eu insisti, mas eu não esperava pelo terceiro elemento na equação. E aí veio o choque. A raiva. A frustração. Me senti enganada e, sim, traída. Mais que como amante, como amiga. E o chá. Gelado que era, foi no colo. Se estivesse quente, teria sido contra o rosto, sem pudores ou arrependimentos.

Acordei arrependida de ter aceitado o abraço de Morfeu. Mandei uma mensagem, buscando um conforto, uma negação, mas só obtive uma certeza. Morfeu nunca me traiu.