14.6.19

Conexão Interrompida

Tragédia anunciada:
Convertida em revelação
Alívio que suaviza os dias difíceis
Preciso de você (longe)

O inesperado:
Flor ceifada em botão
Morte do que renascia das cinzas
Preciso de você (aqui)

Que este ciclo se encerre,
Se enterre,
Se incendeie e incinere.

Aprender,
sem condicionar a outros
o valor que me dou.

Algum dia, encontrarei
o amor
do outro lado do espelho.

(de outro blog, outros tempos, outras dores,
pra me servir de lembrete - sempre válido -
de que tudo tem prazo de validade,
inclusive o luto por um sonho desfeito.)

13.6.19

Pecadilhos

Perversão das promessas pueris:
palavras proferidas na pulsão do presente.
Peço-lhe, impeça-me.

Impeça-me de pular uma parte portentosa
Do passado pujante que nos prende ao compasso do pretexto
Pedidos perdidos na pressa dos apesares
Sem sopesar o poço profundo dos pesares
Tão próprios de nós.

Piedade, peço-lhe. Impeça-me.
Se porventura pusermos um ponto,
punção perigosa, perene, impiedosa,
perderei-me, pesarosa
nas passagens primorosas
de projetos paralelos,
princípios permissivos presentes no apelo.

Preciso permitir-me parar e apreciar
o pêsame da ruptura primordial
para que possa pesar
a pusilanimidade da peça, um punhal.

Pretensões que pedem-me permissão:
Pinçando do pedestal a prova,
plúmbeas as preces,
a presunção pavorosa
do espaço perigoso entre meus pés
e seus passos pesados.

Da ponta porosa
escapa a prosa.
Da plenitude do peito,
por apressado que pareça o pleito,
permito-me padecer.