1.10.11

Dia 01: O Mago

Olhei pra cima e vi um universo inteiro de possibilidades. Olhei pra baixo e encontrei meus pés descalços contra o chão de terra batida, os grãozinhos entrelaçando-se com meus dedos e dando aquela sensação gostosa de fazer parte de alguma coisa maior. Suspendi de leve a túnica clara, tão leve, que usava. Organizei meus materiais e me pus a trabalhar. Não sei bem o que pretendia fazer, mas sabia que tinha que fazer alguma coisa. Algo precisava ser mudado, transformado, transmutado. A mudança tem que vir de dentro pra fora, algo me dizia. Mudei. Mudei meu jeito de encarar a vida, de pensar, até mesmo meus ideais que eu julgava me definirem. Mudei tudo, para poder mudar o mundo. E só então consegui fazer alguma coisa. Mergulhei de corpo e alma no trabalho, e, quando por fim pude dá-lo como encerrado, me satisfiz. Despi minhas roupas de transição e voltei pra casa, os dedos tintos de mercúrio e destino. O mundo voltou a seu eixo, como sempre há de voltar.

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