26.6.23

Fender bender

My wake up call

Woke up the shadows inside

The angel drowning in the white noise

A highway to self-destruction

Projections and bright lights

So high we lost the connection


Things shared, best kept under the cover of night

Should have kept our underpants and the lights on

Never looking for understanding

But an excuse to undermine the control

Let the darkness out from under the skin

Before we realize the mess we're in


Freedom was dancing with the walls of our cages

And nothing held us back with the eyes closed

I'm in outer space and you hold me close

I hang onto my shackles to keep ashore

Trying to lose my mind in the moment,

The moment of madness that mesmerized us

A moment of mindfulness could have blinded us


No fear in my eyes until too late

No reason to fear until I realized 

There was no me, there was only you

There was no you, there was only lust

Past the point of no return until we turned to dust

We fell in lust with the mirror

But the mirror showed us only rust


It wasn't about us

(or me) (or even you)


I don't think I can judge at all

Broadcasting the siren call 

Beckoning to the depths of the abyss

Maybe it is just miscommunication

I wasn't given enough information

To give informed consent to the situation

My imagination never hinted I was in


Such deep conversations inside my head

And yet unaware of how deep the consequences 

Would crawl through the nooks and crannies

Craving beautiful poison in open wounds

A lifetime is still too short to heal

Can't say I don't see the appeal

But inside my head it is noisy

And all songs end with us both being dead


An excuse to feel something

Feel alive again flirting with death

And I'm not ready to feel like 

A poor excuse for assisted suicide

Call shotgun on a crash and burn ride

While I'm barely afloat enough to save myself

You made me up as an excuse to hurt yourself

You made me your excuse to be yourself


A goddess and a tamed beast fell in love

But the goddess only wanted to be human

And what the beast missed was being wild.

16.6.23

Garfos

Faz barulho demais aqui dentro

E minha mente já se foi,

Com medo do eterno.


Hoje, ansiei pelo fim;

Mas o inverno nunca chega,

Nem se cala o ruído que ecoa

Nesta casca vazia,

Salitre e zinabre.


Em algum lugar,

Não sei bem onde,

Esqueci como mover os músculos do sorriso.


Esqueci como cheguei aqui

Mas, por todos os lados, há paredes

E nada remove esta farpa

Fingindo, o inseto, ser leão.


Faz barulho demais aqui dentro,

E as luzes da cidade

(e daqueles olhos)

(e das chamas que hão de um dia me consumir)

São tão lindas refletidas

No asfalto úmido de chuva e sangue.


Hoje, senti medo do vazio,

Mas a vida insiste em alcançar meus ouvidos exaustos

E me distrair da morte que habita em mim.

1.11.21

Escolhas

 Todo dia eu me saboto um pouquinho.


Todo dia eu tento, digo para mim mesmo que estou tentando, mas há uma parte de mim que se recusa a tentar e, ultimamente, esta parte tem falado mais alto do que todas as outras.


Todo dia eu me odeio um pouquinho mais por me sabotar. E nem isso me convence a parar de me sabotar.


Todo dia, me olho no espelho e se vou gostar ou não do que vejo é praticamente decidido na moeda. Há dias em que vejo a pessoa mais linda do mundo, em todas as suas facetas, e consigo enxergar todo o seu potencial de performar milagres, de criar tudo à partir do nada, de transformar poeira em diamantes. Mas há dias em que só o fracasso e a frustração me devolvem o olhar inquisitivo, e sinto o peso do julgamento por trás dos olhos, cor de mar sujo e revolto depois da tempestade, as pálpebras inchadas por falta de sono ou excesso de substâncias ou ambos. Nesses dias eu morro mais um pouquinho por dentro.


Todo dia faço uma escolha. E estas escolhas, ultimamente, até que não têm sido tão ruins. Mas a escalada do fundo do poço é longa, e difícil, e minhas unhas se quebram e meus dedos têm calos e há momentos em que escorrego. A cada dois metros que subo, uma queda -- às vezes alguns centímetros, às vezes mais do que consegui subir, por distração ou desânimo -- e assim vamos levando, a menor distância entre o ponto A e B se multiplicando infinitamente, a promessa de luz ao final da escalada me incentivando a não desistir, mas... Meus braços já não têm a força que um dia tiveram, e uma hora canso de me escorar nas paredes cheias de limo nessa subida que às vezes parece tão sem propósito.


O fundo do poço é escuro, frio e úmido, mas oferece uma superfície plana em que deitar e repousar meus músculos cansados.


Hoje fiz uma escolha da qual não me orgulho. Mas ela me abriu caminho para fazer outras escolhas, desatar outros nós, trabalhar em outros aspectos. Talvez hoje eu não tenha conseguido ganhar alguns metros nesta subida, mas pelo menos estou me esforçando para limpar o lodo entre as pedras desta parede, escavar buracos nos rejuntes onde meus pés possam se apoiar melhor. Assim, da próxima vez em que chegar aqui, talvez me seja mais confortável parar para repousar e apreciar o trabalho feito. Talvez, da próxima vez em que eu chegar a este ponto, eu seja capaz de perceber que a subida - ou a queda - está, aos poucos ficando mais fácil.


Todo dia uma escolha. E hoje, e nos últimos dias, venho escolhendo a mim mesmo, e entendendo o peso destas escolhas.


Talvez algum dia o vento volte a tocar meu rosto e eu possa ficar corado sob a luz do sol.


Talvez algum dia eu possa escolher deitar na relva, do lado de fora, onde é quente, luminoso e confortável. E talvez quando esse dia chegar eu possa deixar o conforto da fria escuridão da sabotagem definitivamente pra trás. 

5.4.21

Lobos à minha porta

Hoje eu acordei e decidi que ia me convencer de que não preciso mais de você, custe o que custar. 

Abri os olhos e abracei um gato. Não preciso da sua respiração umedecendo e aquecendo meus cabelos, e há de chegar em breve o dia em que minha cintura não se sentirá nua pela falta dos seus braços ao redor dela.

Dormir está cada dia menos difícil. Talvez chegue o dia em que eu não precise do amparo medicamentoso pra conseguir enfim deslizar para o mundo dos sonhos sem antes desaguar no travesseiro todas as lágrimas que ainda tenho dentro de mim, congeladas.

Fiz café. Coloquei eu mesma uma quantidade muito maior de canela do que deveria -- algum dia vou acertar aquele ponto exato que você coloca instintivamente, mas esse dia não será hoje. Aos poucos, eu aprendo a fazer as coisas do jeito que eu gosto, que você descobriu tão espontaneamente. Hoje consegui não olhar pra sua caneca no armário e, com isso, não senti as rachaduras se espalhando ainda mais veemente e inexoravelmente pelo meu peito.

Pé ante pé, pouco a pouco, as rachaduras vão cicatrizar.

Ontem, senti vontade de me machucar. Ontem, senti muita vontade de chorar, mas não consegui, e não houve filme, jogo, música, droga, que tirasse de mim essa vontade terrível de arranhar minhas faces até abrir um canal pelo qual as lágrimas pudessem fluir livremente.

Mas consegui resistir.

Um dia, pouco a pouco, eu vou conseguir me libertar de você.

E, quando esse dia chegar, vou rir de mim mesma e apreciar o quão ridícula fui por me apegar tanto a alguém que era pra ser só uma distração.

Mas por enquanto, e só por enquanto, vou escrever pra você palavras que você nunca vai ler. Até que eu esgote minhas palavras pra você. Até que eu consiga não mais sentir.

5.11.20

Return to Nowhere

It was not supposed to happen this fast
No second comings and never looking back
I'm not ready and neither are you
Just talk about constellations and gods old and new
Get lost in a sweaty maze, minds a single haze
When dawn breaks, I'll be gone for good

But we couldn't just let go, could we?
We fell in love with the reflections in the mirror
Through the looking glass we wasted our newfound youth
Knowing full well the way back home led to nothing but hard truth
Now Narcissus is drowned, the king is dethroned
And only the past awaits in the desolation that is home

We willfully chose to ignore the ten of swords
But the tower always hung in the background
And now it's time to pick up the shards
and build myself up from the razed ground

This is not the first --
nor will it be the last --
time I have to reinvent myself

This is not the first --
but it will be the last --
time I let you pierce my mortal flesh

Mahogany eyes keep haunting my slumber
But the light of day hits my bed just wrong
The spell is broken, the sigil unspoken
Filled your travel pouch with blessings and longing
Now I'm claiming them back
You're not worthy of the promises heavy around your neck

It's not easy to get back on my feet
And turn my back to this burning pile left behind
Soon the embers will die and the ashes will fly
Like the memory of a dream that was not quite so bright
When this plague dies down, I'll have survived
I refuse to let your hand cast the last strike

And like the gods of old I might succumb for now
But return to die again a thousand times over
Winter always ends and I can't wait to see
The colors of the spring that will bloom inside of me

This is not the first --
nor will it be the last --
time I have to relearn myself

This is not the first --
but it will be the last --
time I burn myself at stake for you