18.9.11

Inícios

Eu gosto de inícios.

A primeira chuva do inverno, a primeira brisa quente do verão. Tudo que é novo me fascina, me instiga. Espírito curioso que sou, quero destrinchar tudo, desvendar os mistérios, me apropriar do inexplorado. O primeiro beijo. A primeira vez sorrateira, escondida atrás de um muro. A primeira vez que chorei.

Inícios me inspiram. Inícios me trazem esperança, a esperança de que, eventualmente, tudo vá dar certo.

Não consigo, no entanto, escrever sobre finais.

Nunca sei terminar um texto; odeio escrever poemas porque sempre me parece faltar algo no último verso. Meu sonho é um texto infinito, uma série de textos entrelaçados cujas últimas linhas sejam sempre as primeiras do próximo, um eterno ciclo... Odeio finais. Odeio ser lembrada, a cada instante, de que tudo tem prazo de validade, data hora local certos para se encerrar, tudo fenece, tudo perece. Nada nunca vai ser eterno, nem mesmo o tempo, e isso me angustia.

Queria um amor que fosse como meus textos: só inícios. A cada dia, um novo começo,  até que chegasse ao fim. E no destino inexorável de todas as coisas, que fosse como iniciar um novo ciclo.

Quem sabe assim um dia eu não consigo começar a ser feliz?

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