27.12.10

Ruptura

Nos seus braços, me senti voando. Na cama, me senti poderosa, linda, senhora de mim e da situação. Em casa, depois, tomei a decisão: nunca mais.

E aí você não me liga, não me procura, e eu digo para mim mesma, sem problemas. Tenho outros, outros tantos como você, que de mim só querem aquilo que em geral não é tão difícil de conseguir. Não preciso de suas palavras ousadas, não preciso de seu toque apressado, não preciso de seu desejo unilateral que me culpa por suas falhas. Não preciso, e nem quero, de suas taras obcenas e hábitos nocivos. Passo, pela primeira vez desde o começo dessa história, dois dias inteiros sem pensar em você com carinho, sem fantasiar com você na minha cama.

Um café na minha frente e a companhia das pessoas que amo e que me amam era tudo o que eu precisava para fechar meu final de semana da forma mais perfeita possível. Eu não precisava de mais. Eu não queria mais, e ainda assim, o telefone tocou. Reconheci pelo toque, só podia ser você. Atendi sem muita pressa, sabendo que, o que quer que você quisesse, não era hoje que ia conseguir. Esperei sem muita confiança um feliz natal, um como vai, um que saudade, mas em troca só recebi o nada. A frieza transparecia no convite a uma noite quente. Tá aonde? Vamos pra um motel? Não, querido. Estou com meus amigos. Hoje foi um dia difícil e é com eles que quero estar. Tá bom, então. Depois a gente se fala. Tchau. Desligo o telefone com um meio sorriso no canto dos lábios. Era por esse cara que eu estava disposta a condenar minha alma ao inferno do julgamento alheio. Foi por esse cara que eu me prontifiquei a arriscar tantas e tantas coisas. Esse cara, que não vale um décimo do que eu valho.

Guardei o telefone bem fundo na bolsa e dei aquela sacudida na cabeça para me livrar de quaisquer idéias erradas que eu pudesse ter. Tomei o último gole do meu café, paguei a conta e fui para a casa do outro, disposta a passar a noite inteira fazendo o que eu não quis fazer com você: ser feliz.

Um comentário:

Aline disse...

Ah, meu, eu sei que "lindo" e "perfeito" são comentários inúteis que não te ajudam a crescer e tudo mais, mas o que é que eu posso fazer se teus textos são assim, hein?