15.12.10

Até que

Um leve desconforto em meio às tardes de ócio nerd. Isso era tudo que o que aconteceu entre nós, naquela noite lamentável há tantos anos, significava em nossas vidas hoje em dia. Até que um dia...

Sempre tem um "até que" nessas histórias, não é? Um deslize é perfeitamente inofensivo, até que. Um passeio com os amigos pelo shopping é algo perfeitamente normal para se fazer numa sexta à noite, até que. Comprar esmaltes só te deixa confusa na hora de escolher a cor, até que.

Até que uma proposta indecente é lançada no ar. Até que um beijo acontece espontaneamente no meio da fila. Até que pessoas bêbadas resolvem dar vazão a vontades que talvez nem soubessem que existiam.

Até que tudo isso se repete e gera uma expectativa.

E agora eu fico aqui, nesse medo de que as coisas fujam do controle. De que essa amizade se corrompa. De que nada seja mais como antes. E esse último medo é simbolizado pelo beijo de despedida, na porta de casa. Da minha. Pelo convite para jantar. Na sua casa. Sem o álcool como desculpa, como muleta, como catapulta. Seguimos como amigos, mas, na calada da noite, as coisas mudam.

Até que nossos mundos comecem a ruir.

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