20.8.10

Em Busca da Terra do Nunca

Quando eu me joguei desse patamar da última vez, me esborrachei no chão sem medo nenhum da dor. Mas ela veio, ah, se veio, e durou tanto tempo que eu achei que ia morrer. Ao mesmo tempo, durou pouco, muito pouco, se comparada às dores diferentes que experimentei desde então.

Quando se é novo, tudo é muito intenso. Tudo parece que vai durar a vida toda, mesmo que seja questão de segundos até que sejamos capazes de nos por em pé de novo sozinhos. Quando se é novo, também somos mais resilientes. Acho que o mais próximo que chegamos de ser super-homens é na adolescência, quando pode cair o mundo na nossa cabeça mas ah, sempre vamos nos recuperar.

Quando crescemos, tudo muda. Uma pessoa uma vez me disse que fazer 18 anos não mudava porra nenhuma nas nossas vidas, exceto a quantidade de cobranças que recebíamos. Era muito mais uma questão de "você tem que fazer" do que "você pode fazer". A maturidade não estava na esquina nos esperando, mas as cobranças que deveriam vir com ela, sim. Acho que isso calou tão fundo no meu subconsciente de adolescente perdida que até hoje essa realidade se mesclou com a minha.

Quando eu cresci... ah, mas isso é balela. Eu não cresci. Só aprendi a conviver com as cobranças, dando um jeitinho gaiato aqui e ali. E assim vivo, nesse afã adolescente de querer crer que posso moldar a realidade a meu redor. Sei que sou capaz de ser tudo o que eu quiser ser - criar forças pra de fato sê-lo é que às vezes é difícil.

Mas acho que tem uma mentira aí no meio. Alguma coisa mudou sim. Eu ainda me jogo de alturas inimagináveis sem pensar duas vezes, só pelo prazer de me testar, sem medo da queda. Eu ainda faço coisas dignas de alguém com, sei lá, metade da minha idade. Eu ainda tenho essa esperança tola, adolescente, de que tudo vai dar certo no final.

Mas agora, eu demoro bem mais pra me recuperar. E é aí que está a merda toda de ser adulta.

Um comentário:

Mari disse...

É... e quem não tem, guardado dentro de si, parte do adolescente que foi um dia?
Ótimo texto, Di!
Lido ao som dessa música, então: http://www.youtube.com/watch?v=jx8Mlh1ACtc&feature=related